10.12.06

You laugh when you don't mean it.
Why do you laugh?
And you mean to do-say-write so much.
Why can't you move?

6.12.06




















("Shall I compare thee to a summer's day?")
Thou ART.

16.11.06

rain
(what do you see?)

7.11.06














"The art of art,
the glory of expression
and the sunshine of
the light of letters,
is simplicity.
"

6.11.06

Quero ser monocórdica na expressão e no pensamento.


Escrever sobre coisas banais ou não escrever de todo.


Ser básica.


Simples.


Não te assustar com o bicho-papão da complexidade.


Sou fácil de perceber agora, não tenhas medo.


Não te vou dar trabalho nenhum.


Zero.

5.11.06

Não queria deixar-me fugir a memória tua por entre as palavras que preciso de dizer escritas porque me rasga o ar que não respiro (por não conseguir esquecer-te nem por um bocadinho).

Esquecer-te agora para te lembrar amanhã e depois e quase sempre - até te ter outra vez a inventar memórias para eu guardar - - Oh, não me dês tempo para guardar nada! Se te gravo fora de mim, temo que desapareças de todos os lugares onde te possa voltar a encontrar, como se cuspisse sonambulamente nos planos irreverentes de um destino qualquer. Não vou sonhar com linhas que te continuem numa página folheada da minha história, não te rasgo. nem escrevo. Sei agora que não te pinto como te quero pintar, que não te faço como foste feito - mesmo que te imagine perfeito -, que mais despidas que uma folha em branco são as palavras que desenho porque preciso de apagar, porque não me acalmam a vontade de te perder da lembrança antes que me perca a mim numa esperança sempre e nunca demasiado pueril. Patético como te adivinhei em cada cheiro que encontrei no caminho de regresso que fiz quase sem dar conta, ainda a tua simpática preocupação a carregar-me no colo e eu a perceber o tanto que não me importava com isso ao mesmo tempo que lamentava a expressão cor-de-parede-que-as-emoções-não-atravessam que me enfeitara o rosto naquele fim de manhã. Deveria ter-te sorrido a ti e não ao chão sobre o qual me fizeste flutuar (mas não muito). Não me lembro se agradeci a mão gentil que pousaste sobre a minha testa, a serenidade a delinear-te os movimentos - mas uma inquietude quase infantil a soltar-te palavras avulsas e (podia jurar que) desnecessárias. Não chegaste a dizer que ia ficar tudo bem - mas eu dei-te a mão confiante, ainda que por detrás dos olhos sérios e tom de anúncio-de-chuva. Antes de te deixar fiz uma pergunta para a qual não precisava de resposta (não, nem por isso), só porque queria ouvir-te dizer qualquer coisa, pousar suavemente os meus olhos nos teus e rezar para que o tempo fosse mesmo muito relativo - talvez inexistente. Agora que me lembro, nem estava com muita vontade de sair de casa naquele dia. E mesmo assim... quando me olhaste foi
como se estivesse bonita.


23.10.06

Beautiful.
That's how I see you.
(it's the way you are too.)
I need not look at you when I want to see you
Or notice that you may be looking back (at me).
I almost despise your not-that-curious stare,
no reason other than the fact that you see nothing at all to justify it.
But beautiful - you are.
Pretty.
And all I want to do is look at you (without looking).
Just for a moment.
That static exchange of seconds that allows you to be the perfect little white canvas I can paint my own version of you on.
I can taste your sweet-sour presence a few miles away (so close)
I do not adore it.
Misunderstand me not.
I see the flaws and cuts and drops of golden poverty dancing around you.
But you do not wish to be saved (and I wish it too much, but not enough...)
Sometimes
In my redundant silence I crave for the will to whisper in your made-of-tissue-conscience just how incredibly beautiful you are from where I'm standing.
But you're just a painting.
A dead, hopeless, beautiful painting.
That moves without ever leaving the same place...

17.10.06


Ela era pequenina.
Tão pequenina...
Feita quase à medida da palma da mão dele.
E sentava-se-lhe bem perto do polegar,
baloiçando ao ritmo do vento...
(o mesmo vento)
que desenlaçava nós no seu cabelo
e futuros nas linhas da palma
daquela mão
(que era)
Tão grande...
que falhava sempre em ampará-la
(pequenina)
cada vez que lhe descia por entre os dedos...
Não para lhe fugir.
Não para se encontrar.
Apenas porque era tão pequenina
que queria abraçar o mundo
(com força)
até ele ficar tão grande
como a sua pequenez.
*
Ela era pequenina.
Tão pequenina...
que quando quis crescer
Não chegava à maçaneta da porta
(em forma de uma palma da mão tão grande...
que não havia
nas suas linhas espaço para um futuro...)
que dava para a palavra amor
(de tamanho demasiado gigantesco
para que coubesse nela
qualquer outra coisa)

12.10.06

Uma flor. De papel. Preto.
Estás a ver a letra?
Um torrãozinho de açúcar. Doce - (Previsível)
O cigarro a descortinar menos uns minutos de vida. Mas vamos todos morrer mais tarde ou mais cedo.
O relógio atrasado. Vais perder o comboio.
Não te rias.
Um caracol a escorregar-te para o ombro. Despenteado.
Hoje desististe de mim - sem saber.
Mas eu não aprendi ainda a desistir de ti.
Inteligência. Artificial. Shiuuu...
Fica só entre nós, está bem?
O quê?
Que olhei p'ra ti hoje...
Disseste alguma coisa?
Nada. Silêncio. Ponto. Pausa.
Se não te tivesse como amigo nem sei como seria capaz de me enganar tão bem e adormecer pensando que amanhã vai ficar tudo bem.
Cedo. (Para créditos finais)
Atrevo-me a dizer que me enganei redondamente outra vez.
Mas é cedo ainda.
Sono...
Já não sonho há muito.
Nem acordada.
Em vez disso durmo o tempo-inteiro-todo-o-tempo.
Nem sinto quando os pés se descosem do chão e os olhos se colam ao vazio.
Nem ouço os pensamentos a fugir para longe de mim e de quem me pensa perto.
Nem vejo as palavras que sopras para a frente (e engoles para trás) e cospes de novo para todo o lado...
Percebo bem que não percebo nada quando me perguntas "Percebeste?"
Esqueci-me de perceber. (Desculpa)
Queria perceber mais... perceber lá em cima nas nuvens.
Não me perco por mal. Não quero (muito) que me encontres.
Eu consigo sozinha...
(Mas não consigo)
(Mas também sei que se não conseguir, ninguém o pode fazer por mim)
(Mas ainda desconfio que estou demasiado cansada para o concluir)

Olá. Tudo bem? Tudo. E contigo? Também. - Inauguração do novo paradigma comunicacional

Vá... vamos dormir, que ser já cansa.

6.10.06

"I certainly haven't been shopping for any new shoes, and...

I certainly haven't been spreading myself around

I still only travel by foot and by foot, it's a slow climb

But I'm good at being uncomfortable so I can't stop changing all the time


I noticed that my opponent is always on the go, and...

Won't go slow so's not to focus and I notice

He'll hitch a ride with any guide as long as they go fast from whence he came

But he's no good at being uncomfortable so he can't stop staying exactly the same



If there was a better way to go then it would find me
I can't help it,
the road just rolls out behind me
Be kind to me or treat me mean
I'll make the most of it,
I'm an extraordinary machine...

I seem to you to seek a new disaster every day


You deem me due to clean my view and be at and lay

I mean to prove I mean to move in my own way and say

I've been getting along for long before you came into the play


I am the baby of the family

It happens so everybody cares
And wears the sheeps' clothes while they chaperone
Curious you're looking down your nose at me while you appease
Courteous to try and help but let me set your mind at ease

If there was a better way to go then it would find me
I can't help it, the road just rolls out behind me
Be kind to me or treat me mean
I'll make the most of it,
I'm an extraordinary machine...

Do I so worry you
You need to hurry to my side, it's very kind
But it's to no avail I don't want the bail
I promise you everything will be just fine


If there was a better way to go then it would find me
I can't help it,
the
road
just rolls out
behind
me
Be
kind to me
or
treat me mean
I'll make the most of it,
I'm an extraordinary machine..."

1.9.06

31.8.06






Não sei
porque me queres...
(se não sabes o que fazer comigo)

29.8.06


"I am not young enough to know everything."

28.8.06

(Não vou mastigar um castelo à tua volta.

Não pintar-te daquela cor que mancha um qualquer arco-íris cinzento que escondas por detrás das gotas de ébano que escorregam rosto teu abaixo.

E lenta, vagarosa, cautelosamente...
sem (que eu possa) dar cont.a,
escorregam

em sintonia com os reflexos que inspiras do espelho da tua alma para o espelho da minha que,

note-se, te é tão estranho como aquilo que falha minuciosamente em reflectir,
ambos mais ainda que a
moldura, invólucro, embalagem, flor da pele, teatro de fantoches
(ou de outra coisa qualquer).

Não te quero esculpir em gelo ou pedra,
pintar-te a partir dos olhos que celebram a miopia (mais
que simbólica)

ou a incerteza da permanência modelizante seja lá do que for.

Não te vou inventar na tua ausência (prometo! - mais ou menos),

Nunca esperar preencher o tempo de espera...

Pro"min"to deixar-te ser,

não te imaginar... não sem a certeza da existência de qualquer convicção tua que contrarie
a minha inclinação para te eliminar antes que me dês
verdadeiro motivo para o fazer.

Amarre-me, a insolente consciência, à emotiva indiferença
ou ao relutante (mas fugaz) acordo,
para que elas me vistam de silêncio
enquanto gritas suavemente ao meu ouvido...
sem que te erga uma estátua, nem expulse por completo da minha hierárquica (talvez presumida) consideração.

Não te quero um estranho de passagem,
mas não desejo convencer-me de que possas
algum dia ser pouco (muito) mais que isso.

Procuro as minhas asas, lembras-te?

Disseste que mais tarde ou mais cedo acabaria por encontrá-las...
Tudo porque quero voar para bem longe...
(já que o céu não tem ruas com nomes para decorar)

Quão irónico seria descobri-las na prisão que teceste à minha volta...

Não.

Não quero construir castelos - se tenho que os destruir)

4.7.06

“Primeiro levaram os comunistas,
mas eu não me importei
porque não era nada comigo.
Em seguida levaram alguns operários,
mas a mim isso não me afectou
porque eu não sou operário.
Depois, prenderam os sindicalistas,
mas eu não me incomodei,
porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir, chegou a vez de alguns padres,
mas como eu não sou religioso,
também não liguei.
Agora, levam-me a mim e quando percebi,
já era tarde.”



Porque algumas palavras fazem todo o sentido.

27.6.06

"In my mother's house
There was happiness
I wrapped myself in it... was my chrysalisas
My life unfolds
See a pattern through
Of you protecting me and I protecting you
What was I to say
Make your own mistakes
And when you woke made sure that you remained the same
Now i realise
What was on your mind
When I left your side... l i k e

a
b u t t e r f l y"

22.6.06


“Ideologies separate us. Dreams and anguish bring us together.”

16.6.06

Dizias que o dia de S. Valentim era o final do prazo dos iogurtes que tinhas no frigorífico.

Lembrei-me disso ontem quando olhei para os que estavam no meu e reparei que acabam no dia em que faço anos.

Resumir-se-ão assim os (grandes-pequenos?!) momentos das nossas vidas?

Simples datas de consumo não-aconselhável de iogurtes.

Chama-lhe qualquer coisa como...

Ironia.

"Every child is an artist

The problem

is how to

remain

an artist

once

he grows up. "

One can always dream. One can always hope. One can always realize that it is not enough.
What can one do to feel more than just a lonesome unity of nothingness?
Some wait. Some dispair. Some do both.
Whatever-whoever they are/I am.
Should you know better?
I do.
I know that I know not much.
You have Maths, English or Geometry.
You have playing the piano, being polite and sitting up straight.
You have pile-up books that you will read-not-so-much-understand.
You have seconds, then minutes, then hours, then days, then time, then space,
then everything else.

And you're the whole that sums up these little pieces of a messed up puzzle.

I try to make you fit.

You never belong to my puzzle - So do (not) I.

I pray that you will understand me where nobody else does.
Where nobody else tries, 'cause everybody stops by the doorway.
They seem (so) tired from a long walk towards a black-colorful wall. Their light-years...
...my baby steps.
If only I was sorry I lost their exhaustion.
But I would dig in miles for someone I should belong to, for my piece of the puzzle.
And I know it is wrong, to place hopes so high on a piece so little.
Maybe that's why everything fails, like some catastrophic entropy doom.
They feed us fairy tales for breakfast, knowing we are doomed to throw them up by lunch time.
I wont paint it colorful. The words, you know? I could just not say them at all,
they would be as nonsensical as always.
And, as always, I hope.
'Cause breakfast is the most important meal of the day.

30.5.06

That is fucking pathetic,
pardon my French.

17.5.06

For real-life romance, press 1.

15.5.06

"Once upon a year gone by she saw herself give in,
Every time she closed her eyes she saw what could have been ~
Well nothing hurts and nothing bleeds when covers tucked in tight ~
Funny when the bottom drops how she forgets to fight... to fight ~
And it's one more day in paradise, one more day in paradise...
As darkness quickly steals the light that shined within her eyes,
She slowly swallows all her fear and soothes her mind with lies.
Well all she wants and all she needs are reasons to survive ~
A day in which the sun will take her artificial light... her light ~
And it's one more day in paradise, one more day in paradise...

one last chance to feel alright..."
A song by somebody

8.5.06

Apetece-me perguntar porquê.
Não me interessa a resposta.
Se souberes, não digas.
Pouco importa.
Só quero perguntar.
Porquê.
Porquê interroga sozinho, sem pontuação, sem outra coisa qualquer.
Dispenso os artifícios. Porquê passar demasiado tempo com eles?
Porquê passar o tempo sequer? Porque não parar e deixar de existir, para existir finalmente?
Talvez. Provavelmente não.
E porquê a probabilidade, os números, as letras, os sinais, o barulho, as cores, os sabores e o tacto que nunca rasga a pele?
Porquê as camadas e a nudez disfarçada de loucura ou a loucura disfarçada de conveniência?

...

Lojas de conveniência.
Sim.
O mundo.
O mundo, sim, uma loja de conveniência.
O que somos nós então?
Perguntas pela resposta?
Não.
De todo.
Lojas de conveniência.
Viagens.
Hotéis.
Sabonetes para esconder na mala.
Espectáculos para os turistas no andar de baixo.
Sonhos por concretizar no andar de cima.
Mentiras murmuradas mentalmente, na escuridão abafadora daquelas noites de Verão que só tomaram lugar na imaginação.
Ou talvez não.
Talvez te lembres delas e perguntes porquê só porque não queres saber a resposta.

***


Os teus gritos não passam de murmúrios. Nunca serás capaz de gritar suficientemente alto.
Nunca para que te ouçam.
Tens de escolher tu um fim. Porque sabes que o porquê nunca se gasta. Nem os pontos de interrogação. E quando o fim te escolher a ti,
já nada há a fazer. Tal como agora.

7.5.06

Vazia (ou cheia de nada)?

6.5.06

Os dias, os meses, os anos... passam.
O que guardamos deles, guardamos para nós.
Não partilhamos com alguém porque "ninguém dá nada a ninguém". E quem quer comprar memórias alheias quando tem as suas? Talvez pudéssemos trocar as de que não gostamos por pedaços gastos de momentos que fizeram sorrir desconhecidos. Será por isso que ouvimos as suas histórias contra a (nossa?) vontade? Deixamo-nos ficar ali, inertes na nossa impaciência gritante, quietude hipócrita de quem tem tudo por fazer, mas nem sabe por onde começar.


Inverte os ponteiros do relógio. Depois descobre que "inverte" é uma palavra demasiado vulgar para o requinte dos teus pensamentos. E requinte é quase tão mau, se não pior. Apaga tudo e vai dormir. Pelo menos já escreveste qualquer coisa. E mais uma vez percebeste que o silêncio é o discurso de quem tem tudo para dizer.

30.3.06


um corte naquela linha no meio da palma da mão.


porquê?




sei


n

ã
o

5.3.06

"Só hoje senti que o rumo a seguir levava p'ra longe.
Senti que este chão ja não tinha espaco p'ra tudo o que foge.
Não sei o motivo pra ir, só sei que não posso ficar.
Não sei o que vem a seguir... mas quero procurar.
E hoje deixei de tentar erguer os planos de sempre,
Aqueles que são p'ra outro amanhã que há-de ser diferente.
(...)
Só hoje esperei já sem desespero que a noite caísse.
Nenhuma palavra foi hoje diferente do que já se disse.
E há qualquer coisa a nascer, bem dentro no fundo de mim
E há uma força a vencer qualquer outro fim.
Não quero levar o que dei, talvez nem sequer o que é meu.
É que hoje parece bastar...
um pouco de céu
um pouco de céu
um pouco de céu
um pouco de céu
um pouco de céu"
Mafalda Veiga

3.3.06

Todos os dias te vejo.

Nenhum (deles) te olho.

Não sei se alguma vez me viste e, no entanto, quando falas fazes-me recordar memórias partilhadas de momentos inexistentes em que tu e eu brincávamos na areia (ou noutro sítio qualquer - talvez em cima de uma nuvem), imaginávamos as histórias que cada pessoa que passava teria para contar, ríamos inocentemente de tudo à nossa volta - de nós mesmos tantas vezes. Ninguém nos via. Nós também não víamos ninguém. Tu sabias porquê, mas não me contavas - não querias que caísse da nuvem. Se chegasse mesmo a cair, não sei se me irias buscar. Não faço ideia se arriscarias a tua ilusão pela derrota da minha. Há tanto que não sei ainda, tanto que fica sempre por descobrir. Nunca me contaste o final da história, vindo de ti, não me espantaria um final surpreendente e nada "feliz". E, mesmo assim, não me importava assim tanto de estar ali. Éramos pequenos e queríamos devorar o mundo. Tu devoravas a tua tigela de cereais de chocolate e eu a minha. E se a fome se recusasse a abandonar-me, não sei se abdicarias dos teus pedaços de cacau para a afastar de mim. Será que irias reparar? Será que não importa que essas tais memórias não existam afinal e tu estejas a morar no canto paralelamente oposto do universo? E se isso fizer a diferença?
Tenho vergonha de falar muito alto. E se ficar cansada de gritar para o outro lado do universo para que ouças o que tenho a dizer (quando não tenho que dizer nada)? E o que acontece se todas as palavras forem ouvidas na perfeição e o sentido se tiver perdido algures numa galáxia distante? Nem sei se te darás ao trabalho de o procurar - eu muito menos. Às vezes pensas que não estou a ouvir, às vezes não estou mesmo - não estou a ouvir as palavras; estou a tentar ouvir o sentido.
Porque é que falas então?
Porque é que tens que estar sempre a dizer alguma coisa? Às vezes apetece-me mandar-te calar. Esqueço as boas maneiras, a tua maneira até, a simpatia, tudo o que não interessa. Digo o que tenho a dizer. Tu ouves. As palavras, digo. O sentido só tu sabes. Se não te importa, então pouco me importa saber se te importa. Tu não és meu de forma alguma, sob perspectiva alguma, em galáxia ou planeta algum e, sem dúvida alguma, "tua" não sou eu. Nem sei se simpatizo com o que for teu, com o que exibes na tua espontaneidade caoticamente discreta.
És tão estranho.
Estranho. Não diz nada. Diz tudo. Inventamos nós o resto. Tu és estranho. E não sei porquê dizes-me muito mais assim. Às vezes não dizes nada. Às vezes parece que a comunicação inter-galáctica não surte efeito. Mesmo assim, há qualquer coisa de familiar em tudo o que de estranho existe em ti, algo com que concordo discordando completamente. Falas. Eu falo. Penso não sei em quê. Não evito voar. Também não sei se fujo se me tentares apanhar. Não sei. O que eu quero? Também não. Não sei se tenho borboletas a esvoaçar no meu estômago quando estás mais perto - nunca reparei. Não sei bem a cor dos teus olhos. A tua voz ouço-a vagamente. As tuas palavras são tantas - tão poucas as certezas quanto ao sentido que lhes queres imprimir... ou talvez não?! -, mas não sei nenhuma de cor. Nem as minhas resolvem morar na memória, a não ser as que te pedem para me adormeceres a cantar em silêncio nos teus braços. E o resto, sei lá.
Eu desculpo-te.
Sim, eu sei que não me pediste,
mas eu desculpo-te na mesma.
Perdoo-te o que não dizes,
o que não fazes,
o que não és.
Demoro-me no que és, nas pequenas réstias de pseudo-arrependimento
de tudo o que ficou pendente,
do nada que ficou prometido.
Quebraste as promessas que não fizeste.
E eu? Eu desculpei-te.
Que mais poderia, deveria fazer?
Desculpo-te a ti


e a mim.

20.2.06

There are lessons you never learn.

7.2.06

- Sabes, é provável que tenhas que acabar por te contentar...
- Achas mesmo?
- Tenho a certeza quase dada por absoluta. Há sempre dúvidas, claro. Alguns chamam-lhe esperança, outros não lhe chamam nada. Não têm tempo para admirar a ilusão, para se apegarem a ela, para a catalogar. A realidade arrumaram-na há muito na gaveta, ainda que ela persista em escapar pela fechadura.
- Desde quando é que as gavetas têm fechaduras?
- Algumas têm. Aquelas que queremos salvar da curiosidade alheia. Pegamos numa chave pequena (ferrugenta) e trancamos os segredos lá dentro.
- Desde quando é que a realidade é segredo?
- Desde sempre. Ou acreditas mesmo que há alguma coisa dentro da gaveta?!
- Porque haverias de a querer fechar se estivesse vazia?
- Para me convencer de que não está, de facto.
- E é provável que não esteja.
- Tão provável como o teu inevitável e obrigatório contentamento.
- Certamente não o contentamento de quem dá pulos de alegria dentro de uma gaveta vazia.
- Não. Acho que é mais aquele contentamento de quem não pode esperar mais nem melhor. De quem está farto de esperar e percebe que não ganha muito com isso.
- Ganha tanto em esperar quanto em deixar de o fazer. Desde quando é que desistir se tornou a tua opção?
- Não é uma opção. Não há opção. Por isso é que o contentamento é inevitável, obrigatório.
- Ninguém me vai obrigar a não esperar.
- Nesse caso, tu és ninguém.
- Eu não me vou obrigar a isso. Obrigo-me todos os dias ao contrário, por vezes ao contrário do contrário, mas o que interessa realmente no meio de todas as obrigações é que a espera, gaveta cheia ou vazia, é o fundamento de seguir em frente impacientemente. Sempre a olhar para trás. À espera. Quando segues em frente, estás na verdade a percorrer quilómetros sem sair do mesmo lugar. Porque não esperar? Esperar distraidamente, numa pretensa correria rumo ao que vem ter connosco.
- Desculpa, mas não te cedo a minha concordância.
- Não faz mal. Para esperar (ou andar) basta-me a minha.

5.2.06

Time allowed for reading: Life
l
Time allowed for living: A few pages, some dreams,
a bit of loneliness, a byte of keeping yourself some company.

3.2.06

Diz-me que não faz mal não ter sono, não querer dormir (que é a mesma coisa, agora).
Diz que não faz mal se eu não acordar amanhã à hora dos desenhos animados, pegar na taça com ovelhas desenhadas no fundo - mas que interessam os desenhos no fundo se o leite e os cereais ficam sempre por cima? Às vezes é engraçado ver os contornos a aproximarem-se à medida que o leite se esgota... deve ser uma espécie de consolação. A imaginação supera a fome, mas só quando a fome já não existe. Não, não tenho fome de ti. Blerg... não sou canibal! Ahh, em sentido figurado... não, também não. Até tinha fome das tuas palavras, mas elas aterram sempre tão pesadas, tão frias, tão secas.

Hoje choveu.
Mas não molhou as tuas palavras.
Afinal as palavras não são nada, absolutamente nada, são caixas vazias que toda a gente - e eu, eu também, a toda a hora - enche de nadas, doces sim... E tal como o algodão doce parecem sempre maiores do que realmente são. Derretem na boca (não nas mãos), são sempre tão pequeninas e frágeis. Acabam sempre demasiado depressa. Uma nuvem cor-de-rosa gigantesca (e fofa!) não é mais que um pedaço duro de açúcar colorido artificialmente. Pormenores.
Alinhar as palavras ao meio...
Para parecerem mais bonitas, melhor colocadas.
Sim.
São palavras sentadas correctamente,
no seu trono de açúcar (demasiado) cor-de-rosa.
E afinal...
Esgotam-se.
As palavras esgotam-se.
Sim! Daqui a menos de uma vida a caixa das tuas palavras ter-se-á desfeito.
Segura-las na palma da mão, e então
Percebes que estiveste sempre a dizer a mesma coisa,
de maneiras diferentes e, PIOR,
sempre da mesma maneira.
Triste, não é?
Como se não bastasse, não tens sono.
Vai lá folhear a agenda, relembrar os compromissos de amanhã, amanhã que, note-se, deverá começar cedo, quando os desenhos ainda estão a maquilhar-se nos bastidores para entrar em cena. Em cena televisiva, claro. Sim, tu nunca te levantaste cedo para ver os bonecos. Isso é mesmo... adulto. Ou então, não. Não te lembras que toda a gente crescia sempre mais depressa do que tu? Já te esqueceste daqueles momentos marcantes em que a tua mãe se aproximava de ti e dizia, compreensivamente, que ninguém crescia ao mesmo tempo e que a tua até então melhor amiga, só por acaso, por golpe fatal do destino, estava a ultrapassar-te em centímetros psicológicos. Não tem mal, não te sintas pequena. Ergue-te na tua condição de completa (e patética) anã. Ainda gostamos de ti. Vamos sempre gostar de ti, só que já não estás no contexto... adeus...
Adeus, adeus...
Que palavra tão... terminal.
Um caixote a apontar a saída.
As pessoas mudam, as vontades também.
O tempo é o melhor remédio, so they say.
Concordo.
Com o tempo mortificam-se as saudades, as tristezas, a alma.
A vontade não muda.
A vontade morre.
Não, era a brincar.
Vamos dormir descansados esta noite.
Vamos fechar a cortina, arrumar as memórias e rasgar as histórias.
Só as contamos um dia aos nossos filhos, quando elas forem perfeitamente inofensivas.
Só quando pudermos um dia rir-nos delas.
Esqueçamos que somos tudo aquilo que elas nos contaram.
Tudo nos pinta, mas o desenho deve esquecer o criador, caso contrário acabará por lhe perder o amor. (A palavra ódio é uma caixa demasiado escura e sombria) Matá-lo-á quando já nada pode ser feito - tal Dorian Gray.
Não quero ser modelo.
Não quero que as memórias tristes me pintem,
por isso sorrio.
Sorrir resolve todos os meus problemas,
formula teorias de sistemas,
conquista a tal jovem, que mora na rua da utopia maçã de baunilha,
nº who gives a damn anyway,
essa jovem chamada felicidade.
Oh, vamos sorrir - o que é que custa?
Um sorriso nunca fez mal a ninguém.
E nada como viver para esquecer a vida.

23.1.06

I don't suppose you know what's going on...
I don't.
Right. So supposing that you care would probably be way out of line.
Probably.
And asking you to do so?
Maybe.
Maybe? Is that supposed to be conclusive?
As conclusive as conclusive should be.
And if I say please?
Well that would prove your politeness,
but it wouldn't take you very far.
What would?
Not asking at all.
But not asking at all would take me nowhere... asking might...
Or may not.
Maybe.
Maybe not.
Do you realize I gave up my hopes (probably even my dreams)
for something real and eventually condemned to failure?
So you knew it was condemned
from the beginning.
Why so surprised?
I guess I didn't expect it to fail long before it started...
(Dinner is on the table!!!)
So is life.

18.1.06


"
Music
is
essentially
useless
,
as
life
is
.
"
George Santayna

17.1.06

Não-importa-quem, menos ainda importa onde, pousou os olhos num relógio sem ponteiros que numa metade do dia, ninguém sabe qual, acusou a não-mais-existência do tempo. Despiu lentamente o casaco sem avesso, sem bolsos e sem gola, soprou as teias de aranha que o enfeitavam desde sempre, desde ontem - quando o tinha comprado com o dinheiro que não tinha encontrado nos bolsos inexistentes do casaco que ainda não era seu. Fechou os olhos enquanto se despedia daquele velho amigo que o vento arrastava ferozmente para um longe mesmo ali ao lado, enquanto a brisa suave de uma tarde (que podia também ser dia ou noite) de primavera-outono-inverno-verão os abraçava distraidamente. Não-importa-quem tinha ouvido um outro não importa quem dizer que "as pessoas não gostam do Inverno, gostam antes de se proteger dele". Não-importa-quem recusava-se a acreditar nas verdades que toda a gente e ninguém fazia questão de gritar aos quatro ventos - que na realidade deviam ser mais ainda (quase de certeza menos). Por isso se despedia agora daquele inimigo protector, da mesma forma que deixara os ventos de número indefinido e o tempo de precisão inalcançável arrastar para um perto a quilómetros de distância todos os que não importavam, mas importavam mais que qualquer outra coisa, porque nenhuma coisa importava realmente. Toda a gente e ninguém chamava-lhes "amigos", mas Não-importa-quem não se importava. Não queria dar nomes a não-importa-quens. Preferia dar nomes a não-importa-quês... àqueles não-importa-quês que caíam das nuvens... as pequenas (enormes) gotas de chuva que agarrava nas mãos frágeis e que logo se quebravam com o peso da água. Não-importa-quem erguia a face para o céu, para sentir a brancura de mil flocos de neve derreter na ponta do seu nariz, colar-se às suas pestanas e encharcar os fios de cabelo que repousavam sobre os ombros, livres do peso do casaco sem avesso, sem bolsos e sem gola. Não-importa-quem sentia os dedos dos pés congelar com o calor do Sol que acabava de acordar, naquela bela manhã/tarde/noite de verão-primavera-inverno-outono, às tantas horas, horas que ninguém sabe, que ninguém pergunta porque todos os relógios estão avariados e a funcionar na perfeição. Não-importa-quem não se protege do frio. Não-importa-quem quer senti-lo, deixar que ele percorra a sua pele, que a desfaça suavemente até chegar bem perto da pobre alma pintada de prata, que se esqueceu de como é ser ingrata... e de sentir, também.

13.1.06

"
Please be philosophical
Please be tapped into your femininity
Please be able to take the wheel from me
Please be crazy and curious

Papa love your princess so that she will find loving princes familiar
Papa cry for your princess so that she will find gentle princes familiar

Please be a sexaholic
Please be unpredictably miserable
Please be self absorbed much (not the good kind)
Please be addicted to some substance

Papa listen to your princess so that she will find attentive princes familiar
Papa hear your princess so that she will find curious princes familiar

Please be the jerk of my knee I've fit you always
You finish my sentences I think I love you
What is your name again?!
No matter i'm guessing your thoughts again correctly and I love the way you press my
buttons so much sometimes I could strangle you

Papa laugh with your princess so that she will find funny princes familiar
Papa respect your princess so that she will find respectful princes familiar

Please be strangely enigmatic
Please be just like my...
"
Princes Familiar, Alanis Morissete

10.1.06



"Ler por fora é fácil e vão. Por dentro das coisas é que as coisas são".
Escrevo. Muito. Tanto! Demasiado? Não. Sim. Talvez. Porquê?
Não faças perguntas.
Não fales. Fala em silêncio.
Fala em silêncio enquanto eu escrevo sem palavras, escrevo. Muito. Tanto! Nunca demasiado...
Escrevo abandonada à companhia da minha glossolalia e do teu olhar que me persegue à distância da presença.
Escrevo por sinais, por claves e colcheias, por suspiros e teias de aranha...
Escrevo por tudo e por nada, apenas para ficar acordada, para morrer de sono a seguir.
Não fales. Escreve.

Deixa-me ler nos teus pensamentos (mera projecção dos meus).
Senta-te a meu lado
e
deixa que me abraçe a pobreza das tuas palavras, a riqueza do teu silêncio...
Não faças.
Barulho.
Escreve. Eu escrevo. Tu escreves. Ele não interessa.
Se é que interessa alguma coisa, é o teu "eu" e o meu...
Não, não somos nós.
Tu. Eu.
Eu. Tu.
Nós não escrevemos. Ainda que eu agarre na tua mão para escrever com a minha.
Eu escrevo. E tu também. Sozinhos. Porque o perto é demasiado distante.



Mas não te vás embora.
Não suporto a tua proximidade.
Mas sinto a falta da tua incómoda presença.
Diz que não me deixas sozinha...
perturba o silêncio só para dizeres que não o perturbarás nunca mais...
Fica mais um bocadinho longe de mim.
É o meu silêncio que to implora e te manda embora logo a seguir.
Fica até o infinito acabar...
(mas só se partires antes que ele possa começar)


Não, não quero que me apertes nos teus braços,
nem que me percas nos dóceis traços do amor ou de outra coisa qualquer...
Deixa-me morar no desenlace do teu abraço, respirar o aroma do cansaço
e ser tua, sem nunca ser...
Deixa-me voar. Voa comigo. Deixa-me encontrar em ti um amigo e não uma prisão de cordel...
Não perguntes.
Não fales.
Escreve.
Na minha doce imaginação de papel... (e chocolate)

6.1.06

I was born to do it... (I know it)


But I'm so damn terrified of actually doing it...
Seems easy to you, (I know) to me too...
So simple...
Just let go...
Get up there and do what you gotta do.
Don't say you can't
Just sing, what's the big deal?
Why can't you just do it...
Don't you love it or something like that?
Totally.
Completely.
Absolutely.
I want my security blanket =)

4.1.06

Romance is dead.
Long live romance.
(stop)

SAY WHAT?