3.2.06

Diz-me que não faz mal não ter sono, não querer dormir (que é a mesma coisa, agora).
Diz que não faz mal se eu não acordar amanhã à hora dos desenhos animados, pegar na taça com ovelhas desenhadas no fundo - mas que interessam os desenhos no fundo se o leite e os cereais ficam sempre por cima? Às vezes é engraçado ver os contornos a aproximarem-se à medida que o leite se esgota... deve ser uma espécie de consolação. A imaginação supera a fome, mas só quando a fome já não existe. Não, não tenho fome de ti. Blerg... não sou canibal! Ahh, em sentido figurado... não, também não. Até tinha fome das tuas palavras, mas elas aterram sempre tão pesadas, tão frias, tão secas.

Hoje choveu.
Mas não molhou as tuas palavras.
Afinal as palavras não são nada, absolutamente nada, são caixas vazias que toda a gente - e eu, eu também, a toda a hora - enche de nadas, doces sim... E tal como o algodão doce parecem sempre maiores do que realmente são. Derretem na boca (não nas mãos), são sempre tão pequeninas e frágeis. Acabam sempre demasiado depressa. Uma nuvem cor-de-rosa gigantesca (e fofa!) não é mais que um pedaço duro de açúcar colorido artificialmente. Pormenores.
Alinhar as palavras ao meio...
Para parecerem mais bonitas, melhor colocadas.
Sim.
São palavras sentadas correctamente,
no seu trono de açúcar (demasiado) cor-de-rosa.
E afinal...
Esgotam-se.
As palavras esgotam-se.
Sim! Daqui a menos de uma vida a caixa das tuas palavras ter-se-á desfeito.
Segura-las na palma da mão, e então
Percebes que estiveste sempre a dizer a mesma coisa,
de maneiras diferentes e, PIOR,
sempre da mesma maneira.
Triste, não é?
Como se não bastasse, não tens sono.
Vai lá folhear a agenda, relembrar os compromissos de amanhã, amanhã que, note-se, deverá começar cedo, quando os desenhos ainda estão a maquilhar-se nos bastidores para entrar em cena. Em cena televisiva, claro. Sim, tu nunca te levantaste cedo para ver os bonecos. Isso é mesmo... adulto. Ou então, não. Não te lembras que toda a gente crescia sempre mais depressa do que tu? Já te esqueceste daqueles momentos marcantes em que a tua mãe se aproximava de ti e dizia, compreensivamente, que ninguém crescia ao mesmo tempo e que a tua até então melhor amiga, só por acaso, por golpe fatal do destino, estava a ultrapassar-te em centímetros psicológicos. Não tem mal, não te sintas pequena. Ergue-te na tua condição de completa (e patética) anã. Ainda gostamos de ti. Vamos sempre gostar de ti, só que já não estás no contexto... adeus...
Adeus, adeus...
Que palavra tão... terminal.
Um caixote a apontar a saída.
As pessoas mudam, as vontades também.
O tempo é o melhor remédio, so they say.
Concordo.
Com o tempo mortificam-se as saudades, as tristezas, a alma.
A vontade não muda.
A vontade morre.
Não, era a brincar.
Vamos dormir descansados esta noite.
Vamos fechar a cortina, arrumar as memórias e rasgar as histórias.
Só as contamos um dia aos nossos filhos, quando elas forem perfeitamente inofensivas.
Só quando pudermos um dia rir-nos delas.
Esqueçamos que somos tudo aquilo que elas nos contaram.
Tudo nos pinta, mas o desenho deve esquecer o criador, caso contrário acabará por lhe perder o amor. (A palavra ódio é uma caixa demasiado escura e sombria) Matá-lo-á quando já nada pode ser feito - tal Dorian Gray.
Não quero ser modelo.
Não quero que as memórias tristes me pintem,
por isso sorrio.
Sorrir resolve todos os meus problemas,
formula teorias de sistemas,
conquista a tal jovem, que mora na rua da utopia maçã de baunilha,
nº who gives a damn anyway,
essa jovem chamada felicidade.
Oh, vamos sorrir - o que é que custa?
Um sorriso nunca fez mal a ninguém.
E nada como viver para esquecer a vida.

7 comentários:

Anónimo disse...

bem patusca...ja t tinha dito ixo ontem...durant a noxa longa conversa...durante o tempo em k n tinhas sono... =P ta um post mt bonito...mas triste...tudo melhora...e n faz mal seres axim...so o sendo é k tens a importancia k tens...falo po mim... =P *********

player1331 disse...

algo tão complicado, para xplicar algo tão simples e no fundo tão complexo Agui...apenas te posso dizer isto...dá tempo ao tempo e espaço também...entretanto...eu pelo menos gosto de ti assim :D

MiLady disse...

Palavras como algodão doce...adorei a metáfora...Gosto do que escreves, faz-me lembrar Fernando Pessoa (não te assustes, não estou a fazer comparações).

Anónimo disse...

opah..gosto do k escreves..mas axo k n venho ca mais ler...:( sinto me demasiada inculta :S...*
isso n se faz...:P

D@s Pl3ktrüm-/v\ädch3n disse...

Bem... Fernando Pessoa =P isso é assim um elogio com E gigante! Mas o Pessoa é o Pessoa =P no match!* hehe but thnks!

StupiDreamer disse...

que belo pau de algodão doce..ia-te encher aqui com nuvens e nuvens..mas falta-me o açúcar, levaste-mo todo com o açucar e de qualquer forma já dizes tudo ;)
porque é que crescemos?deviamos poder ver smepre as ovelhas no fundo da tigela ou ó rir por lá tarem e não pensar porque raio as fazem se não se vêm?pensar sequer..podiamos acordar smepre cedo pra ver os desenhos e o dia começar bem. e as apalvras serem apenas palavras e não as enchermos como caixas e..e..complicá-las.melhro deviamos só sentir.sentir e sentir depois á noiteestávamos tão cansados que adormeciamos contentes e não froçados e depois acordávamos cedo sem vontade de voltar à cama.mas isto é tudo algodão doce...mas olha senti o açúcar ;) *

nuno disse...

e como é!? deu o sono??