4.7.06

“Primeiro levaram os comunistas,
mas eu não me importei
porque não era nada comigo.
Em seguida levaram alguns operários,
mas a mim isso não me afectou
porque eu não sou operário.
Depois, prenderam os sindicalistas,
mas eu não me incomodei,
porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir, chegou a vez de alguns padres,
mas como eu não sou religioso,
também não liguei.
Agora, levam-me a mim e quando percebi,
já era tarde.”



Porque algumas palavras fazem todo o sentido.

27.6.06

"In my mother's house
There was happiness
I wrapped myself in it... was my chrysalisas
My life unfolds
See a pattern through
Of you protecting me and I protecting you
What was I to say
Make your own mistakes
And when you woke made sure that you remained the same
Now i realise
What was on your mind
When I left your side... l i k e

a
b u t t e r f l y"

22.6.06


“Ideologies separate us. Dreams and anguish bring us together.”

16.6.06

Dizias que o dia de S. Valentim era o final do prazo dos iogurtes que tinhas no frigorífico.

Lembrei-me disso ontem quando olhei para os que estavam no meu e reparei que acabam no dia em que faço anos.

Resumir-se-ão assim os (grandes-pequenos?!) momentos das nossas vidas?

Simples datas de consumo não-aconselhável de iogurtes.

Chama-lhe qualquer coisa como...

Ironia.

"Every child is an artist

The problem

is how to

remain

an artist

once

he grows up. "

One can always dream. One can always hope. One can always realize that it is not enough.
What can one do to feel more than just a lonesome unity of nothingness?
Some wait. Some dispair. Some do both.
Whatever-whoever they are/I am.
Should you know better?
I do.
I know that I know not much.
You have Maths, English or Geometry.
You have playing the piano, being polite and sitting up straight.
You have pile-up books that you will read-not-so-much-understand.
You have seconds, then minutes, then hours, then days, then time, then space,
then everything else.

And you're the whole that sums up these little pieces of a messed up puzzle.

I try to make you fit.

You never belong to my puzzle - So do (not) I.

I pray that you will understand me where nobody else does.
Where nobody else tries, 'cause everybody stops by the doorway.
They seem (so) tired from a long walk towards a black-colorful wall. Their light-years...
...my baby steps.
If only I was sorry I lost their exhaustion.
But I would dig in miles for someone I should belong to, for my piece of the puzzle.
And I know it is wrong, to place hopes so high on a piece so little.
Maybe that's why everything fails, like some catastrophic entropy doom.
They feed us fairy tales for breakfast, knowing we are doomed to throw them up by lunch time.
I wont paint it colorful. The words, you know? I could just not say them at all,
they would be as nonsensical as always.
And, as always, I hope.
'Cause breakfast is the most important meal of the day.

30.5.06

That is fucking pathetic,
pardon my French.

17.5.06

For real-life romance, press 1.

15.5.06

"Once upon a year gone by she saw herself give in,
Every time she closed her eyes she saw what could have been ~
Well nothing hurts and nothing bleeds when covers tucked in tight ~
Funny when the bottom drops how she forgets to fight... to fight ~
And it's one more day in paradise, one more day in paradise...
As darkness quickly steals the light that shined within her eyes,
She slowly swallows all her fear and soothes her mind with lies.
Well all she wants and all she needs are reasons to survive ~
A day in which the sun will take her artificial light... her light ~
And it's one more day in paradise, one more day in paradise...

one last chance to feel alright..."
A song by somebody

8.5.06

Apetece-me perguntar porquê.
Não me interessa a resposta.
Se souberes, não digas.
Pouco importa.
Só quero perguntar.
Porquê.
Porquê interroga sozinho, sem pontuação, sem outra coisa qualquer.
Dispenso os artifícios. Porquê passar demasiado tempo com eles?
Porquê passar o tempo sequer? Porque não parar e deixar de existir, para existir finalmente?
Talvez. Provavelmente não.
E porquê a probabilidade, os números, as letras, os sinais, o barulho, as cores, os sabores e o tacto que nunca rasga a pele?
Porquê as camadas e a nudez disfarçada de loucura ou a loucura disfarçada de conveniência?

...

Lojas de conveniência.
Sim.
O mundo.
O mundo, sim, uma loja de conveniência.
O que somos nós então?
Perguntas pela resposta?
Não.
De todo.
Lojas de conveniência.
Viagens.
Hotéis.
Sabonetes para esconder na mala.
Espectáculos para os turistas no andar de baixo.
Sonhos por concretizar no andar de cima.
Mentiras murmuradas mentalmente, na escuridão abafadora daquelas noites de Verão que só tomaram lugar na imaginação.
Ou talvez não.
Talvez te lembres delas e perguntes porquê só porque não queres saber a resposta.

***


Os teus gritos não passam de murmúrios. Nunca serás capaz de gritar suficientemente alto.
Nunca para que te ouçam.
Tens de escolher tu um fim. Porque sabes que o porquê nunca se gasta. Nem os pontos de interrogação. E quando o fim te escolher a ti,
já nada há a fazer. Tal como agora.

7.5.06

Vazia (ou cheia de nada)?

6.5.06

Os dias, os meses, os anos... passam.
O que guardamos deles, guardamos para nós.
Não partilhamos com alguém porque "ninguém dá nada a ninguém". E quem quer comprar memórias alheias quando tem as suas? Talvez pudéssemos trocar as de que não gostamos por pedaços gastos de momentos que fizeram sorrir desconhecidos. Será por isso que ouvimos as suas histórias contra a (nossa?) vontade? Deixamo-nos ficar ali, inertes na nossa impaciência gritante, quietude hipócrita de quem tem tudo por fazer, mas nem sabe por onde começar.


Inverte os ponteiros do relógio. Depois descobre que "inverte" é uma palavra demasiado vulgar para o requinte dos teus pensamentos. E requinte é quase tão mau, se não pior. Apaga tudo e vai dormir. Pelo menos já escreveste qualquer coisa. E mais uma vez percebeste que o silêncio é o discurso de quem tem tudo para dizer.

30.3.06


um corte naquela linha no meio da palma da mão.


porquê?




sei


n

ã
o

5.3.06

"Só hoje senti que o rumo a seguir levava p'ra longe.
Senti que este chão ja não tinha espaco p'ra tudo o que foge.
Não sei o motivo pra ir, só sei que não posso ficar.
Não sei o que vem a seguir... mas quero procurar.
E hoje deixei de tentar erguer os planos de sempre,
Aqueles que são p'ra outro amanhã que há-de ser diferente.
(...)
Só hoje esperei já sem desespero que a noite caísse.
Nenhuma palavra foi hoje diferente do que já se disse.
E há qualquer coisa a nascer, bem dentro no fundo de mim
E há uma força a vencer qualquer outro fim.
Não quero levar o que dei, talvez nem sequer o que é meu.
É que hoje parece bastar...
um pouco de céu
um pouco de céu
um pouco de céu
um pouco de céu
um pouco de céu"
Mafalda Veiga

3.3.06

Todos os dias te vejo.

Nenhum (deles) te olho.

Não sei se alguma vez me viste e, no entanto, quando falas fazes-me recordar memórias partilhadas de momentos inexistentes em que tu e eu brincávamos na areia (ou noutro sítio qualquer - talvez em cima de uma nuvem), imaginávamos as histórias que cada pessoa que passava teria para contar, ríamos inocentemente de tudo à nossa volta - de nós mesmos tantas vezes. Ninguém nos via. Nós também não víamos ninguém. Tu sabias porquê, mas não me contavas - não querias que caísse da nuvem. Se chegasse mesmo a cair, não sei se me irias buscar. Não faço ideia se arriscarias a tua ilusão pela derrota da minha. Há tanto que não sei ainda, tanto que fica sempre por descobrir. Nunca me contaste o final da história, vindo de ti, não me espantaria um final surpreendente e nada "feliz". E, mesmo assim, não me importava assim tanto de estar ali. Éramos pequenos e queríamos devorar o mundo. Tu devoravas a tua tigela de cereais de chocolate e eu a minha. E se a fome se recusasse a abandonar-me, não sei se abdicarias dos teus pedaços de cacau para a afastar de mim. Será que irias reparar? Será que não importa que essas tais memórias não existam afinal e tu estejas a morar no canto paralelamente oposto do universo? E se isso fizer a diferença?
Tenho vergonha de falar muito alto. E se ficar cansada de gritar para o outro lado do universo para que ouças o que tenho a dizer (quando não tenho que dizer nada)? E o que acontece se todas as palavras forem ouvidas na perfeição e o sentido se tiver perdido algures numa galáxia distante? Nem sei se te darás ao trabalho de o procurar - eu muito menos. Às vezes pensas que não estou a ouvir, às vezes não estou mesmo - não estou a ouvir as palavras; estou a tentar ouvir o sentido.
Porque é que falas então?
Porque é que tens que estar sempre a dizer alguma coisa? Às vezes apetece-me mandar-te calar. Esqueço as boas maneiras, a tua maneira até, a simpatia, tudo o que não interessa. Digo o que tenho a dizer. Tu ouves. As palavras, digo. O sentido só tu sabes. Se não te importa, então pouco me importa saber se te importa. Tu não és meu de forma alguma, sob perspectiva alguma, em galáxia ou planeta algum e, sem dúvida alguma, "tua" não sou eu. Nem sei se simpatizo com o que for teu, com o que exibes na tua espontaneidade caoticamente discreta.
És tão estranho.
Estranho. Não diz nada. Diz tudo. Inventamos nós o resto. Tu és estranho. E não sei porquê dizes-me muito mais assim. Às vezes não dizes nada. Às vezes parece que a comunicação inter-galáctica não surte efeito. Mesmo assim, há qualquer coisa de familiar em tudo o que de estranho existe em ti, algo com que concordo discordando completamente. Falas. Eu falo. Penso não sei em quê. Não evito voar. Também não sei se fujo se me tentares apanhar. Não sei. O que eu quero? Também não. Não sei se tenho borboletas a esvoaçar no meu estômago quando estás mais perto - nunca reparei. Não sei bem a cor dos teus olhos. A tua voz ouço-a vagamente. As tuas palavras são tantas - tão poucas as certezas quanto ao sentido que lhes queres imprimir... ou talvez não?! -, mas não sei nenhuma de cor. Nem as minhas resolvem morar na memória, a não ser as que te pedem para me adormeceres a cantar em silêncio nos teus braços. E o resto, sei lá.
Eu desculpo-te.
Sim, eu sei que não me pediste,
mas eu desculpo-te na mesma.
Perdoo-te o que não dizes,
o que não fazes,
o que não és.
Demoro-me no que és, nas pequenas réstias de pseudo-arrependimento
de tudo o que ficou pendente,
do nada que ficou prometido.
Quebraste as promessas que não fizeste.
E eu? Eu desculpei-te.
Que mais poderia, deveria fazer?
Desculpo-te a ti


e a mim.

20.2.06

There are lessons you never learn.

7.2.06

- Sabes, é provável que tenhas que acabar por te contentar...
- Achas mesmo?
- Tenho a certeza quase dada por absoluta. Há sempre dúvidas, claro. Alguns chamam-lhe esperança, outros não lhe chamam nada. Não têm tempo para admirar a ilusão, para se apegarem a ela, para a catalogar. A realidade arrumaram-na há muito na gaveta, ainda que ela persista em escapar pela fechadura.
- Desde quando é que as gavetas têm fechaduras?
- Algumas têm. Aquelas que queremos salvar da curiosidade alheia. Pegamos numa chave pequena (ferrugenta) e trancamos os segredos lá dentro.
- Desde quando é que a realidade é segredo?
- Desde sempre. Ou acreditas mesmo que há alguma coisa dentro da gaveta?!
- Porque haverias de a querer fechar se estivesse vazia?
- Para me convencer de que não está, de facto.
- E é provável que não esteja.
- Tão provável como o teu inevitável e obrigatório contentamento.
- Certamente não o contentamento de quem dá pulos de alegria dentro de uma gaveta vazia.
- Não. Acho que é mais aquele contentamento de quem não pode esperar mais nem melhor. De quem está farto de esperar e percebe que não ganha muito com isso.
- Ganha tanto em esperar quanto em deixar de o fazer. Desde quando é que desistir se tornou a tua opção?
- Não é uma opção. Não há opção. Por isso é que o contentamento é inevitável, obrigatório.
- Ninguém me vai obrigar a não esperar.
- Nesse caso, tu és ninguém.
- Eu não me vou obrigar a isso. Obrigo-me todos os dias ao contrário, por vezes ao contrário do contrário, mas o que interessa realmente no meio de todas as obrigações é que a espera, gaveta cheia ou vazia, é o fundamento de seguir em frente impacientemente. Sempre a olhar para trás. À espera. Quando segues em frente, estás na verdade a percorrer quilómetros sem sair do mesmo lugar. Porque não esperar? Esperar distraidamente, numa pretensa correria rumo ao que vem ter connosco.
- Desculpa, mas não te cedo a minha concordância.
- Não faz mal. Para esperar (ou andar) basta-me a minha.

5.2.06

Time allowed for reading: Life
l
Time allowed for living: A few pages, some dreams,
a bit of loneliness, a byte of keeping yourself some company.

3.2.06

Diz-me que não faz mal não ter sono, não querer dormir (que é a mesma coisa, agora).
Diz que não faz mal se eu não acordar amanhã à hora dos desenhos animados, pegar na taça com ovelhas desenhadas no fundo - mas que interessam os desenhos no fundo se o leite e os cereais ficam sempre por cima? Às vezes é engraçado ver os contornos a aproximarem-se à medida que o leite se esgota... deve ser uma espécie de consolação. A imaginação supera a fome, mas só quando a fome já não existe. Não, não tenho fome de ti. Blerg... não sou canibal! Ahh, em sentido figurado... não, também não. Até tinha fome das tuas palavras, mas elas aterram sempre tão pesadas, tão frias, tão secas.

Hoje choveu.
Mas não molhou as tuas palavras.
Afinal as palavras não são nada, absolutamente nada, são caixas vazias que toda a gente - e eu, eu também, a toda a hora - enche de nadas, doces sim... E tal como o algodão doce parecem sempre maiores do que realmente são. Derretem na boca (não nas mãos), são sempre tão pequeninas e frágeis. Acabam sempre demasiado depressa. Uma nuvem cor-de-rosa gigantesca (e fofa!) não é mais que um pedaço duro de açúcar colorido artificialmente. Pormenores.
Alinhar as palavras ao meio...
Para parecerem mais bonitas, melhor colocadas.
Sim.
São palavras sentadas correctamente,
no seu trono de açúcar (demasiado) cor-de-rosa.
E afinal...
Esgotam-se.
As palavras esgotam-se.
Sim! Daqui a menos de uma vida a caixa das tuas palavras ter-se-á desfeito.
Segura-las na palma da mão, e então
Percebes que estiveste sempre a dizer a mesma coisa,
de maneiras diferentes e, PIOR,
sempre da mesma maneira.
Triste, não é?
Como se não bastasse, não tens sono.
Vai lá folhear a agenda, relembrar os compromissos de amanhã, amanhã que, note-se, deverá começar cedo, quando os desenhos ainda estão a maquilhar-se nos bastidores para entrar em cena. Em cena televisiva, claro. Sim, tu nunca te levantaste cedo para ver os bonecos. Isso é mesmo... adulto. Ou então, não. Não te lembras que toda a gente crescia sempre mais depressa do que tu? Já te esqueceste daqueles momentos marcantes em que a tua mãe se aproximava de ti e dizia, compreensivamente, que ninguém crescia ao mesmo tempo e que a tua até então melhor amiga, só por acaso, por golpe fatal do destino, estava a ultrapassar-te em centímetros psicológicos. Não tem mal, não te sintas pequena. Ergue-te na tua condição de completa (e patética) anã. Ainda gostamos de ti. Vamos sempre gostar de ti, só que já não estás no contexto... adeus...
Adeus, adeus...
Que palavra tão... terminal.
Um caixote a apontar a saída.
As pessoas mudam, as vontades também.
O tempo é o melhor remédio, so they say.
Concordo.
Com o tempo mortificam-se as saudades, as tristezas, a alma.
A vontade não muda.
A vontade morre.
Não, era a brincar.
Vamos dormir descansados esta noite.
Vamos fechar a cortina, arrumar as memórias e rasgar as histórias.
Só as contamos um dia aos nossos filhos, quando elas forem perfeitamente inofensivas.
Só quando pudermos um dia rir-nos delas.
Esqueçamos que somos tudo aquilo que elas nos contaram.
Tudo nos pinta, mas o desenho deve esquecer o criador, caso contrário acabará por lhe perder o amor. (A palavra ódio é uma caixa demasiado escura e sombria) Matá-lo-á quando já nada pode ser feito - tal Dorian Gray.
Não quero ser modelo.
Não quero que as memórias tristes me pintem,
por isso sorrio.
Sorrir resolve todos os meus problemas,
formula teorias de sistemas,
conquista a tal jovem, que mora na rua da utopia maçã de baunilha,
nº who gives a damn anyway,
essa jovem chamada felicidade.
Oh, vamos sorrir - o que é que custa?
Um sorriso nunca fez mal a ninguém.
E nada como viver para esquecer a vida.