Eu. Eu vi. Eu vi-te. A ti, que não és eu. Eu vi-te. Caminhavas calma e distraidamente para ti mesmo, para o teu mundo. Esse mundo donde costumavas contemplar disfarçadamente o meu, como se nele o teu reconhecesses. Por momentos. Para sempre. E o tempo não existia durante aqueles breves momentos... Os breves momentos em que o teu mundo aterrava no meu, pousava na frágil pista de aterragem, quebrava o teu tapete mágico, para que não pudesses voltar a partir. Nunca mais.
E houve nunca mais. O nunca mais que eu nunca mais queria, mas nunca mais deixa de se atravessar no meu caminho, desde que nunca mais me lembro. Não sei onde pousas os teus olhos. Não sei onde se aloja o teu mundo agora. Pensava que era tua mãe a minha imaginação. Julguei ter-te inventado sem perceber. Mas existes. Não sei se preferia ter-te só no meu mundo e nunca num outro... se me contento c0m o simples facto de existires... em todo o lado... bem longe do canto onde me sento e contemplo tudo menos o remoto horizonte de um sorriso. De um sorriso inspirado por mais que a teimosia insistente em não derramar uma única lágrima...
Por algo mais que o aborrecimento de não existir nada melhor para fazer...
Eu.
Eu vi.
Eu vi-te.
Tu não olhaste... ver?! o que é isso?