27.4.09

Quando o fim acontece, tu nunca estás lá. Estás sempre longe. Moras numa caixinha fechada, lado a lado com a minha, mas só te vejo de vez em quando, nos raros momentos em que ela permite transparência. Mas só a transparência da tua máscara, se for. Não saberás talvez as palavras certas, então não dizes nada - mas há os teus braços, firmos como uma rocha para além da qual se adivinha (pelo som) um riacho ou um oceano qualquer.

Quando percebo que me enganei, sinto-te a falta como a um erro que gostava de ter cometido. Passo a vida a mandar-te embora, continuo sem saber se quero que fiques e não faço ideia de onde estás. Quando te encontro pelo caminho, sinto-te o corpo separado do meu como se fosse invasão e digo sempre «não, 2 mais 2 não são necessariamente quatro». Não sei dizer que sim, e tu não fazes ideia de quem eu sou. Passo o tempo a enganar-te, porque não te sei responder a essa pergunta.

Quando está frio e às vezes quando chove, eu corro para casa. Chego, sento-me na cama e espero que o que é permeável ignore as gotas de chuva. Deixo que o cansaço me assente bem, para que o sono pareça sagrado. Imagino que a tua caixa se abre e tu existes no meu mundo, estás sentado à minha frente e olhas para mim como se soubesses exactamente o que estás a ver.

Quando agarras na minha mão, eu ouço o rio a correr
e não tem mal que a vida desague inevitavelmente na morte. A ortografia é pouquíssimo importante, os soldados britânicos têm comichão no queixo e o vento a assobiar por entre as folhas das árvores faz-nos sentir eternos.
Mas tu nunca estás lá.

When someone dies,

I'm not sure whether we cry for them or for all the ones who stay.

17.4.09

Culpa? Para que serve isso, mesmo?

11.4.09

Listening to your voice calms me down. Makes me feel not-so-lonely. See I didn't know I was.

So I play your songs over and over again.

But sooner or later the music stops. And then, out of the blues-like-silence, all I hear is the washing machine. Funny enough, it makes life seem not-so-tragic.

5.4.09

i read you stories while you are asleep.
i hope you don't mind me saying this, but you're mine.
since my heart memorized the smell of you existing and the silence painted on that transparent veil with which you covered your face, i dare to guess why i mustn't give you up.
not just yet.
move in closer, there are nice things happening where the unafraid endure.
and my world was a lot emptier before you showed up, so we may read to each other.
it may keep us satisfied and a bit happier.
your manners are socially equipped but i suspect that doesn't make you too shallow.
we talk the way we talk, we do the things we do, we are something - whatever it is, it doesn't matter for the (time) being.
tic-tac.
i'm waiting.
it always takes time.
(i hope your name's not godot.
-
and i hope you got chiclets.)