26.2.09

if you practice, you're gonna get good at it.

whatever it is.

tango,

the guitar,

optimism,

peace.

you're gonna get good at it,

if you practice.

22.2.09

Eles dizem o quão maravilhoso és. Dão-te palmadinhas nas costas e tu sorris, descomprometido. Às vezes vejo-te saltitar no teu êxtase de calmia e tenho a certeza de que eles têm razão. Orgulho-me de ti como se fosses meu, como se fosses tão meu quanto és dos que te têm. Imagino-te a regressar das tuas conquistas para os meus braços
- espero-te na casa onde moramos temporariamente, num país qualquer quente onde as janelas são apenas recortes nas paredes, sem portada. Deitas a cabeça no meu colo e eu passeio os dedos pelos nós desfeitos do teu cabelo, enquanto lês um jornal de há não sei quantas semanas. Antes costumavas estar sempre em cima do acontecimento, sempre a correr contra o tempo. Agora nem sabes onde deixaste o relógio. Secalhar caiu dentro da sopa,
ou talvez tenha sido roubado por uma raposa. Não se ouve ponteiros. Só a brisa que se arrasta sonolenta noite-de-verão-fora. Ao virar de cada página, cantarolas meia-melodia de uma música que eu não reconheço. A maior parte das vezes és um mistério - may I say hallellujah.

Pomos o gira-discos a tocar e dançamos à luz da lua que entra pelas janelas sem portada. Não és lá grande dançarino. Mas quando me tocas quase posso jurar que não existo para mais nada. Às vezes ficas uma eternidade sem dizer palavra. Eu faço-te perguntas às quais és sempre capaz de responder com um simples aceno de cabeça ou gesto esclarecedor. Depois olhas para mim como se só existíssemos nós os dois e eu lembro-me do contador de histórias admirável que és.

Imagino-te a adormecer em cima de um livro poeirento onde lês muito menos do que existe, mas que te alivia do enredo da tua própria complexidade. Respiras tranquilo e sonhas com coisas simples e triviais. Quando acordas de manhã não te recordas da rotina nocturna repetida ao expoente do tédio reconfortante para a montanha russa que é essa tua inconsciência criadora de ordem e harmonia em tudo o que esteja fora (de ti). Ao longo do dia ocupas-te com o mesmo de dias anteriores; às vezes cantas mais que meia-melodia e perguntas-te se alguma vez cantarás para mais um. Por brincadeira, pões a mesa para mais um também e, enquanto desaguas o conteúdo do copo de vinho tinto garganta abaixo, imaginas-te num país longínquo - frio, de preferência.


E eu à tua espera algures em África.