2.1.09

Silêncio.
Colchões, almofadas, sapatos debaixo da cama,
envelopes por estrear - cheios dele.
Um ar incómodo e vazio de palavras a fazer cócegas na garganta imperturbada por uma qualquer vibração de conteúdo.
Dias e dias a fingir que o mundo lá fora está à espera (cá dentro) que a porta se abra outra vez,
deixe ela entrar o frio que já não é ameaça.
Nada disto faz sentido.
Mas não dizer nada é pacífico e suave para os meus ouvidos.

(silêncio)


Quero ouvir o som do mar. Mas ele está longe e a porta ainda está fechada.
Quero ir lá para fora brincar, mas a garganta ainda arranha e está a chover,
não está ninguém na rua.

Quero ser pequenina,
como sou e não me importo de ser e ninguém sabe porque não se nota assim tão facilmente.
Quero que seja Verão o ano inteiro e que eu possa alimentar-me só de água e vento.
Deixar crescer flores no meu cabelo e chamar-lhe beleza.
Adormecer nos braços de uma árvore e chamar-lhe casa.
Chamar pelo teu nome e tu vires a correr para brincar comigo.
Porque tudo é simples e estamos ainda a começar.
Tu ainda não aprendeste a ter medo e eu ainda sei chamar por ti.
Somos felizes, mesmo quando pensamos que está tudo de pernas para o ar.
Fomos nós que nos esquecemos de acompanhar o movimento do mundo.
Anda, vem dançar comigo...
Não te preocupes se pisares uma ou outra flor que caia no chão. Não vês que elas estão sempre a nascer?



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