23.10.08

há tanta coisa que quero escrever. a sério. às vezes venho no metro a redigir mentalmente meia dúzia de disparates que sei que devia anotar, mas ainda não comprei aquele caderninho maravilha - um dos que andam aí a pontapés nas papelarias e que segundo consta é igual ao que o hemingway usava - que ando a namorar (como quem tem casamento marcado contra a própria vontade) há meses. não me faltam as folhas de papel. falta o compromisso. não era suposto ser assim, mas se não for já sei que não é de maneira nenhuma. de resto, tenho pelo menos mais três cadernos onde era suposto escrever as minhas músicas - as páginas ainda estão em branco, mas a nota de intenções é tácita e vai comigo para todo o lado. já nem sei quantos projectos mal-começados-quanto-mais-acabados tenho a fazer torre dentro da gaveta. um dia destes ponho mãos à obra. mas hoje ainda não. falta qualquer coisa. a vida não está suficientemente arrumada para poder finalmente desarrumar a Vida e ver o que tenho andado a perder. também nem sei se esse é o meu sonho. nem sei se concretizá-lo não é uma contradição. se é sonho é sonho, é poder sonhar e não ter que parar nunca. hoje, quando acordei, fiquei quase meia hora deitada com a cabeça aos pés da cama a inventar uma canção que sei que devia ter gravado, porque me vou esquecer dela. lembro-me que era sobre ti, e sobre como cheiras a terra molhada quando estás pensativo. mas não, não era nenhuma canção de amor. eu nem sei o que isso é. e tu és daquelas pessoas que sabe a história mas não tem paciência para a contar. se ao menos ela não fosse quase só essa paciência...

2 comentários:

Anónimo disse...

Como eu te percebo... as vezes penso umas coisas bem engraçadas que adoraria passar para papel, mas fico sempre pela adoração... e tb ñ é por falta de papel!!!

Anónimo disse...

impossível expressar em palavras o quanto gostei deste texto...fica a ideia.

ps-como te compreendo!