Não pintar-te daquela cor que mancha um qualquer arco-íris cinzento que escondas por detrás das gotas de ébano que escorregam rosto teu abaixo.
E lenta, vagarosa, cautelosamente... sem (que eu possa) dar cont.a, escorregam
em sintonia com os reflexos que inspiras do espelho da tua alma para o espelho da minha que,
note-se, te é tão estranho como aquilo que falha minuciosamente em reflectir, ambos mais ainda que a moldura, invólucro, embalagem, flor da pele, teatro de fantoches (ou de outra coisa qualquer).
Não te quero esculpir em gelo ou pedra, pintar-te a partir dos olhos que celebram a miopia (mais que simbólica)
ou a incerteza da permanência modelizante seja lá do que for.
Não te vou inventar na tua ausência (prometo! - mais ou menos),
Nunca esperar preencher o tempo de espera...
Pro"min"to deixar-te ser,
não te imaginar... não sem a certeza da existência de qualquer convicção tua que contrarie a minha inclinação para te eliminar antes que me dês verdadeiro motivo para o fazer.
Amarre-me, a insolente consciência, à emotiva indiferença ou ao relutante (mas fugaz) acordo, para que elas me vistam de silêncio enquanto gritas suavemente ao meu ouvido... sem que te erga uma estátua, nem expulse por completo da minha hierárquica (talvez presumida) consideração.
Não te quero um estranho de passagem, mas não desejo convencer-me de que possas algum dia ser pouco (muito) mais que isso.
Procuro as minhas asas, lembras-te?
Disseste que mais tarde ou mais cedo acabaria por encontrá-las... Tudo porque quero voar para bem longe... (já que o céu não tem ruas com nomes para decorar)
Quão irónico seria descobri-las na prisão que teceste à minha volta...
Não.
Não quero construir castelos - se tenho que os destruir)