29.10.05

Hoje...

Hoje é um daqueles dias...

Um daqueles momentos em que os pensamentos não conseguem deixar de ser aquilo que são...


Sussurram suave mas sempre implacavelmente um "desculpa"...

e continuam a sua dança sobre sonolentas pontas de pés...


Fingem não querer incomodar-me...

mas adormecem por segundos... e caem redondos no chão...

A cada passo que dão

Estes pensamentos meus...


Estendo-lhes a mão, nunca o coração,

Que o coração não o estendo a ninguém

Dou-o inteiro para o mal e para o bem... e para o mal e para o bem não o recebo de volta.


Ergo-os do chão,

estes pensamentos que em vão tento adormecer ao meu lado...

Peço-lhes que me deixem descansar, que me deixem não pensar

Por um segundo que seja...


"Não! Queremos dançar!..."

Dizem enquanto rodopiam pelo ar

E aterram pesadamente no palco da consciência

Tão cansada de cantar

A melancólica melodia que, ao amar,

Deseja nada mais que o cessar da existência

Destes pensamentos que são meus...


Abandona-me agora...

como tudo o resto não demora...

Deixa o silêncio entrar, sem bater à porta...

Deixa-o aconchegar o sono da alma morta de tanto viver...


Mas logo um sopro de vida a alenta

Ela que de vida é sedenta,

Ela que em mim é razão...

E que ao dormir me aconchega nos braços

Apaga os tempos e os espaços...

Pois a música que me embalar

Quando o meu descanso chegar

Será nada mais que o bater do coração...

Do coração que em mim trago, do coração que sempre carrego...


Até ao fim...


Enquanto houver vida em mim.

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